domingo, 19 de novembro de 2017

O que é o Burnout? Causas e Consequências

O síndrome de Burnout foi pela primeira vez descrito pelo psiquiatra e psicoterapeuta americano, Herbert Freudenberger, em 1974. Constatou que alguns dos seus colaboradores numa clínica para toxicodependentes apresentavam, após um ano de atividade, desmotivação, queixas somáticas (dores nas costas, problemas gastrointestinais, dores de cabeça…)., problemas de humor (irritabilidade, cólera, disforia…), tornavam-se intolerantes ao stress e eram incapazes de gerir novas situações.


Há diferentes definições de burnout mas a mais frequente definição de burnout enquanto estado é a de Maslach & Jackson para quem o burnout é uma síndroma de exaustão emocional, despersonalização e perda de realização pessoal que ocorre em profissionais de ajuda. Inicialmente tida como uma síndrome própria e exclusiva dos profissionais de ajuda, esta perspetiva vir-se-ia a estender a outras atividades profissionais.

O burnout também pode ser definido enquanto processo dinâmico. Cherniss definia-o como uma forma particular de stress profissional envolvendo mecanismos defensivos de coping.
Atualmente, a generalidade dos autores considera o burnout como uma resposta complexa ao stress profissional prolongado ou crónico.


Como se distingue o burnout da depressão?

O burnout pode afetar indivíduos “normais”, no sentido de não terem uma depressão ou qualquer outra patologia prévia, mas pode cursar com uma depressão. Se a sintomatologia caraterística do síndrome depressivo – de que se destaca o humor triste, a lentificação psicomotora, a baixa da auto estima, a abulia, a apatia, a falta de prazer e/ou o desinteresse por atividades que eram agradáveis àquela pessoa, a falta de energia, o cansaço, a falta de apetite, etc. – ocorrer previamente a qualquer situação de burnout, é relativamente fácil efetuar o diagnóstico diferencial.

No diagnóstico diferencial é relevante entender que o burnout é causado por uma exaustão/stress profissional e, uma vez retirada da situação que lhe provoca essa exaustão/stress, a pessoa melhora significativamente e recupera. Mas o burnout pode ser acompanhado de uma depressão e, nesta circunstância, é muito provável que a pessoa continue a estar depressiva apesar de retirada da situação que lhe causava exaustão/stress profissional.

A melhoria do doente, neste caso, será tendencialmente mais demorada embora a retirada do doente da situação de exaustão/stress profissional também ajude – pode ser indispensável –, no tratamento do síndrome depressivo.

Estudos recentes indicam que cerca de 1/5 dos trabalhadores portugueses são afectados por burnout. Isto indica que esta é uma doença dos tempos actuais ou sempre houve?
O burnout sempre existiu embora não fosse como tal identificado. Aliás, embora Loretta Bradley fosse a primeira, em 1969, a designar o termo stress profissional por burn-out, o síndrome de burnout só viria a ser descrito em 1974, como dissemos, por Freudenberger.
Numa perspetiva global, a evolução das sociedades tem tendido a preocupar-se progressivamente com as condições de trabalho. Por exemplo, a imposição de limites ao trabalho continuado (ex.: na condução de camiões) é um exemplo paradigmático desta preocupação. A implementação de melhores condições de trabalho, o combate ao assédio sexual, a obrigatoriedade de existir em muitas empresas médico do trabalho e técnico de segurança, são algumas das muitas medidas que têm contribuído para melhorar as condições do trabalho.

Porém, uma maior competitividade pela manutenção do posto de trabalho, o não cumprimento das regras impostas pela legislação – a não denúncia destas ocorrências contribui para a manutenção das mesmas –, a crise económica e as consequências daí advenientes são, entre outros, fatores que podem contribuir para uma maior probabilidade de os trabalhadores portugueses serem vítimas de burnout.


É possível sabermos quantos portugueses sofrerão deste problema?   
    
Um estudo a nível nacional e publicado na Acta Médica Portuguesa em 2016 explicita que, em 1728 profissionais de saúde (466 médicos e 1262 enfermeiros), 21,6% apresentaram burnout moderado e 47,8% burnout elevado. A existência de más condições de trabalho foi, entre os fatores estudados, o que melhor predisse a incidência de burnout em médicos e enfermeiros.

Outras áreas profissionais em que prevemos existir uma elevada incidência de burnout são a das forças policiais e a da educação – na última, sobretudo em docentes de instituições e de turmas nas quais exista elevada indisciplina dos alunos. Um estudo da Universidade Católica junto de 2910 docentes, e publicado no jornal Público de 08.09.2016, dá nota de um elevado grau de insatisfação dos docentes, muitos dos quais se sentem exaustos e desiludidos.


Que causas ou fatores de risco existem?

Fontes de stress típicas da atividade profissional e que se consubstanciam em cinco áreas de conflito: competência(s), autonomia, relação com os clientes, realização pessoal, falta de apoio social por parte dos colegas. Neste último ponto acrescentamos a falta de apoio dos superiores e, até, da comunidade, falta de apoio essa que pode originar sentimentos de revolta e mal estar;
Fatores organizacionais como, entre outros, a elevada sobrecarga de trabalho, o desajustamento entre os objetivos da instituição e os valores pessoais dos profissionais, o isolamento social no trabalho;
Fatores de ordem pessoal (relações de ordem familiar, as amizades, etc).


Há profissões mais propensas (um estudo do ISPA analisou as consequências para médicos, professores e enfermeiros e percebeu que o risco é elevado)?

Tradicionalmente considera-se que os profissionais que estariam mais suscetíveis a desenvolverem esta síndrome seriam aqueles cujas profissões exigem muito envolvimento direto e intenso, como os profissionais de saúde e os polícias.

A nossa prática clínica leva-nos a considerar que profissionais da educação – os problemas de indisciplina são relevantes a este propósito –, e todos aqueles cuja atividade seja muito intensa, sujeita a risco ou a avaliação ou desconsideração injusta, ou como tal sentida, são particularmente propensos a sofrerem de burnout.


Quais são os sintomas?

Os sintomas são muitas vezes sobreponíveis. Por exemplo, o sintoma insónia, que explicita, pode estar presente na depressão e na insónia. Daí que o diagnóstico diferencial nem sempre seja fácil.

Os sintomas de burnout podem ser 
1) afetivos, como tristeza, irritabilidade, perda de controlo emocional; 
2) cognitivos, nomeadamente, dificuldade de atenção e concentração, dificuldades de memória, diminuição da auto confiança no plano profissional; 
3) sintomas físicos de que se destacam os sintomas psicossomáticos (ex.: “falta de ar”, coração acelerado), a fadiga e outras reações como a hipertensão arterial; 
4) alterações comportamentais que podem oscilar entre a apatia e o isolamento social e o aumento da agressividade e consequentes dificuldades e interação social, a propensão para ter acidentes, etc.; 
5) atitudes e comportamentos negativos relativamente ao trabalho com desmotivação e consequente menor entusiasmo, empenho e eficácia profissionais.


Dos relatos que lemos de pessoas que sofreram de burnout, encontramos explicações deste género sobre o que sentiam: "Era como se o prédio estivesse a ruir"; a "autoestima é como um botão que se desliga de repente; nem as tarefas mais simples conseguia concretizar". É o tipo de afirmações que ouve dos seus pacientes?

Sim, sem dúvida. Mas, frequentemente, acompanhados por fortes sentimentos de revolta. Não raramente, as pessoas são dirigidas para atividades que sentem como desagradáveis, ou são injustamente avaliadas – ou sentem a avaliação como tal –, ou é-lhes exigido um tempo de trabalho excessivo sem que os superiores revelem a menor gratidão pela dedicação da pessoa, ou é-lhes solicitado que executem ações que vão contra os princípios daquela pessoa. A multiplicidade de questões envolventes e predisponentes é múltipla.


Qual é o tratamento?

O tratamento implica melhorar as circunstâncias e condições que originaram o burnout, de que se destacam a melhoria das condições de trabalho, a melhoria das relações profissionais com diminuição do isolamento e uma melhor integração do profissional – a insensibilidade das chefias é, por vezes, tão espantosa que parece associada à falta de inteligência.

Não raramente implica a retirada temporária – mas pode ser definitiva – do trabalhador daquele local de trabalho, a reorganização do trabalho, um adequado investimento em outros interesses como um maior convívio com a família ou os amigos, a prática de exercício físico ou de atividades relaxantes, etc. Mas, não raramente, implica o recurso a ajuda médica, nomeadamente, quando a pessoa tem sintomas (depressão, ansiedade, etc.) que justificam farmacoterapia.

Relevamos, ainda, que a psicoterapia pode ajudar a pessoa a compreender melhor as razões que a levaram a padecer de burnout e a evitar procedimentos semelhantes aos que originaram o burnout. A este propósito, um exemplo típico é a superveniência de conflitos, muitas vezes arrastados, no local de trabalho.


O que podem chefes e colegas fazer para tentar atenuar a doença?

Podem fazer imenso, como se pode deduzir na resposta à questão do tratamento. Todavia, também é verdade que o burnout pode ser induzido pelas chefias, nomeadamente, quando pretendem que um determinado trabalhador saia da empresa pela sua própria iniciativa, de modo a que não haja lugar ao pagamento de qualquer indemnização. Nestas circunstâncias há, muito frequentemente, todo um comportamento, onde se inclui o isolamento, a sobrecarga, atribuição de tarefas desajustadas, a alteração de horários, e outras atitudes, incluindo-se as que podem incluir a prática de comportamentos que causam repugnância no trabalhador, suscetíveis de induzir burnout.


Esta é uma doença crónica ou tem cura? 

O burnout é desencadeado por uma situação de stress profissional crónico e, na maioria das situações, tem cura. Inclusive, pode ser uma oportunidade para o doente se reprogramar. Como já dissemos, a ajuda de um profissional de saúde pode ser relevante neste processo. Todavia, quando não devidamente tratado, pode estar associado a uma evolução para a cronicidade. Ou pode originar outro problema que evolua para a cronicidade (ex.: dependência do álcool).

Em casos muito graves o burnout pode levar ao suicídio mas, nestes casos, há invariavelmente uma concomitância de outra(s) patologia(s), nomeadamente depressiva, mais frequentemente, uma depressão major, a qual escurece o passado, o presente e o futuro do doente, excluindo a esperança.

Por Fernando Almeida, médico psiquiatra no Hospital Lusíadas Porto

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O que é a diabetes?


A glicose (açúcar no sangue) é essencial à vida. O nosso organismo utiliza o açúcar para produzir energia indispensável ao funcionamento normal dos vários órgãos e tecidos.

Para que a glicose possa ser utilizada pelo organismo, tem que passar do sangue para o interior das células (os "tijolos" que constituem o nosso organismo). Na maioria das situações esse transporte para dentro das células só é possível com a ajuda de uma importante hormona: a insulina.

A insulina é uma hormona (substância química produzida pelo organismo) que tem como função regular a glicemia. Ela é produzida por agrupamentos de células espalhadas pelo pâncreas, um órgão do nosso organismo. Em situações normais e desde muito cedo na vida - antes de nascermos - o pâncreas produz esta hormona que retira o "açúcar" do sangue, transportando-o para dentro das células. Desta forma, os níveis de "açúcar" no sangue (glicemia) baixam.

Na Diabetes mellitus, esta situação está alterada. A característica mais importante e que define a Diabetes mellitus é a subida anormal e descontrolada da glicemia ou "açúcar no sangue". Isto é causado por problemas com a produção de insulina ou com a sua atuação nas células (a chamada "resistência à insulina").

Existem vários tipos de Diabetes mellitus, sendo os principais:

Diabetes mellitus tipo 1
desenvolve-se geralmente em crianças, adolescentes ou jovens adultos, podendo contudo também aparecer em adultos (LADA) e até em idosos. Neste tipo de diabetes o pâncreas deixa completamente de produzir insulina. Por essa razão, a única maneira de tratar a Diabetes mellitus tipo 1 é administrando insulina.
Diabetes mellitus tipo 2
é a forma mais frequente de diabetes: 9 em cada 10 diabéticos são do tipo 2. Surge em qualquer idade, mas é mais frequente nas pessoas adultas com peso a mais. Neste tipo de diabetes, o organismo produz menos insulina e a insulina faz menos efeito (chama-se a isto "resistência à insulina"). É tratada com medidas de alteração do estilo de vida e comprimidos. Com o passar dos anos, também precisa da administração de insulina.
Diabetes Gestacional
pode ocorrer durante as últimas fases da gravidez, embora geralmente desapareça com o nascimento do bebé. As mulheres que têm este tipo de diabetes têm maior propensão para virem a desenvolver diabetes tipo 2 numa fase mais tardia da sua vida.
Outros tipos específicos
existem outras causas de Diabetes mellitus mas que são muito mais raras do que as anteriores. É o caso da diabetes causada por certos medicamentos, traumatismos abdominais graves, formas genéticas raras, entre outras.
As causas da diabetes tipo 1

Em qualquer tipo de diabetes mellitus, a característica central é a elevação anormal e descontrolada dos níveis de glicemia ("açúcar" no sangue).

No entanto, os vários tipos de diabetes mellitus têm causas diferentes. Na diabetes mellitus tipo 1, a causa da elevação da glicemia ("açúcar" no sangue) é a incapacidade súbita do pâncreas produzir insulina por destruição completa das células que fabricam esta hormona. Essa destruição é causada pelo próprio sistema imunitário da pessoa com diabetes. O sistema imunitário habitualmente protege o organismo de infeções e outras agressões externas, no entanto, por vezes funciona de forma anormal, atacando e destruindo partes do próprio organismo. Por essa razão, a diabetes mellitus tipo 1 é uma doença dita "autoimune". Não se sabe ao certo porque é que o sistema imunitário age desta maneira anormal. Pensa-se que resulte de determinadas características herdadas (genéticas), em combinação com determinados estímulos ambientais, como por exemplo infeções.

As causas da diabetes tipo 2

A diabetes tipo 2 é o tipo mais frequente de diabetes mellitus: cerca de 1 em cada 10 portugueses tem diabetes tipo 2.

Tal como outros tipos de diabetes mellitus, a alteração principal é a elevação anormal e descontrolada dos níveis de glicemia ("açúcar" no sangue).

Há duas causas principais para isto acontecer na diabetes tipo 2:

Perda progressiva da eficácia da insulina, também designada de "resistência à insulina";
Diminuição anormal e progressiva da produção de insulina por parte do pâncreas.
A resistência à insulina começa muito antes da diabetes aparecer. Tanto quanto se sabe hoje em dia, a sequência de acontecimentos é a seguinte:

Como resultado do estilo de vida e dos genes herdados, o organismo vai ficando progressivamente mais resistente à insulina, ou seja, a insulina deixa de "fazer efeito".
Para compensar, o pâncreas produz mais insulina. Com este esforço do pâncreas, os níveis de glicemia vão-se mantendo controlados e dentro de valores normais.
Em algumas pessoas, o pâncreas começa lenta mas progressivamente a falhar e a deixar de produzir a quantidade suficiente de insulina para manter a glicemia controlada.
Quando isto acontece, a glicemia sobe anormalmente e de forma descontrolada, dando origem à diabetes mellitus.
Não sabemos porque é que em algumas pessoas o pâncreas começa a falhar, mas sabemos que o excesso de peso, o aumento da gordura no organismo e a inatividade física aumentam a resistência à insulina e portanto são fortes fatores de risco e agravamento da diabetes tipo 2.

Se lhe foi diagnosticada diabetes tipo 2, existem várias medidas pessoais que pode adotar para controlar de melhor forma a sua diabetes, nomeadamente:

Optar por uma alimentação mais saudável
Ser fisicamente ativo
Perder peso
Tomar adequadamente a medicação para a diabetes
Reduzir a pressão arterial
Melhorar os níveis de colesterol
As causas da diabetes gestacional

A diabetes gestacional é muito semelhante à diabetes tipo 2. A grande diferença é que surge apenas durante a gravidez. Uma diabetes que é detetada durante a gravidez e que se mantém depois do nascimento do bebé não é uma diabetes gestacional, mas sim uma diabetes tipo 2. 

É muito importante que a diabetes gestacional seja diagnosticada, pois uma diabetes gestacional não diagnosticada ou controlada durante a gravidez pode trazer problemas graves para a mãe e para o bebé. Se, pelo contrário, for diagnosticada e tratada no início da gravidez, não causa problemas à mãe ou ao bebé.

Em Portugal, as análises de rotina da gravidez permitem detetar uma diabetes gestacional, pelo que é muito importante um acompanhamento médico desde que saiba que está grávida.

As mulheres que tiveram diabetes gestacional têm um risco elevado de vir a ter uma diabetes tipo 2 mais tarde na vida, pelo que devem ser particularmente cuidadosas com o acompanhamento médico ao longo da vida.



Nos diferentes tipos de diabetes, o seu médico pode ter recomendado manter consultas regulares para ajudar a monitorizar o seu progresso. Veja a secção Tratar a Diabetes Tipo 2 para saber mais sobre a medicação e como esta o poderá ajudar a tratar a sua diabetes.

O que é a Legionella pneumophila?

O que é a Legionella pneumophila?


É uma bactéria que vive naturalmente em ambientes aquáticos.

O que provoca?

Ao alojar-se nos pulmões, pode provocar uma pneumonia grave, também conhecida como doença dos legionários.

Onde se desenvolve?

Em reservatórios de água doce (naturais ou artificiais) e locais onde se libertem aerossóis sem uma manutenção adequada dos aparelhos.
Por exemplo:
Sistemas de água doméstica quente e fria;
Jacuzzis;
Termas.
Ou ainda:
Equipamentos de refrigeração com água entre os 20ºC e os 45ªC;
Fontanários;
Aparelhos de aerossóis;
Lagos;
Rios;
Piscinas;
Repuxos;
Águas sujas paradas.

Quais são os primeiros sintomas?

Dor de cabeça;
Dores musculares;
Arrepios de frio;
Febre súbita e alta.
No segundo ou terceiro dia poderá sentir:
Tosse com expetoração e, por vezes, sangue;
Falta de ar;
Dor no peito;
Náuseas, vómitos e diarreia.

Qual é o período de incubação?

Desde a inalação das bactérias presentes nas gotículas de água até surgirem os primeiros sintomas podem decorrer dez dias.


Quais são os fatores de risco?

Idade superior a 50 anos;
Sofrer de uma doença pulmonar;
Estar a tomar corticoides;
Ter o sistema imunitário debilitado (devido a diabetes, cancro ou outras doenças crónicas);
Ser fumador;
Segundo indicam os estudos mais recentes, os homens têm duas a três vezes mais probabilidades de ser afetados pela bactéria.
A doença raramente atinge pessoas com menos de 20 anos, já que estas têm, por norma, sistemas imunitários mais fortes.

Precauções a tomar

Pode beber-se água da rede pública, desde que não diretamente da torneira, de forma a não inalar partículas de água porque a doença dos legionários transmite-se através da inalação de aerossóis contaminados com a bactéria e não através da ingestão de água.
Se for possível, devem evitar-se os locais públicos com desumidificadores ou com refrigeração industrial, cujas condições de manutenção não sejam conhecidas e zonas de banhos, como piscinas, jacuzzis ou fontes ornamentais.
Deve optar-se por tomar banho de imersão, ou redobrar os cuidados no duche, desinfetando o chuveiro (com uma solução com lixívia) e afastando-o da cara quando tomar banho.

Tratamento

São usados antibióticos no tratamento da infeção pela bactéria Legionella pneumophila.
Estar informado é a melhor forma de se proteger. Se sentir algum dos sintomas referidos ou se tiver outras dúvidas, contacte a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) ou a Direção-Geral da Saúde.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

112 – Uma linha para salvar vidas

O 112 é o Número Europeu de Socorro.

Em caso de doença súbita ou acidente ligue 112.

A chamada é gratuita e está acessível de qualquer ponto do país a qualquer hora do dia. O 112 é o Número Europeu de Socorro, sendo comum, para além da saúde, a outras situações, tais como incêndios, assaltos, etc.

A chamada será atendida por um operador da Central de Emergência, que enviará os meios de socorro apropriados. Em determinado tipo de situações a chamada poderá ser transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.

A sua colaboração é fundamental.

Faculte toda a informação que lhe for solicitada, para permitir um rápido e eficaz socorro às vítimas. 
Informe, de forma simples e clara:

  • O tipo de situação (doença, acidente, parto, etc.);
  • O número de telefone do qual está a ligar;
  • A localização exacta e, sempre que possível, com indicação pontos de referência;
  • O número, o sexo e a idade aparente das pessoas a necessitar de socorro;
  • As queixas principais e as alterações que observa;
  • A existência de qualquer situação que exija outros meios para o local, por exemplo, libertação de gases, perigo de incêndio, etc.


Depois de feita a triagem da situação

Os operadores dos CODU indicam-lhe a melhor forma de proceder, enviando – se necessário – os meios de socorro adequados. Lembre-se que as ambulâncias do INEM deverão ser apenas utilizadas em situação de risco de vida eminente.

No caso de não ser necessário enviar uma ambulância do INEM são dadas todas as informações sobre a melhor forma de ser transportado para as unidades de saúde adequadas.

Desligue o telefone apenas quando o operador indicar.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Saúde. O que é afinal????

A “Organização  Mundial de Saúde” (OMS) define a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades”.
A saúde passou, então, a ser mais um valor da comunidade que do indivíduo. É um direito fundamental da pessoa humana, que deve ser assegurado sem distinção  de raça, de religião, ideologia política ou condição  sócio-econômica. A saúde é, portanto, um valor coletivo, um bem de todos, devendo cada um gozá-la individualmente, sem prejuízo de outrem e, solidariamente, com todos.
No passado (1960), a saúde era a perfeição  morfológica, acompanhada da harmonia funcional, da integridade dos órgãos e aparelhos, do bom desempenho das funções vitais; era o vigor físico e o equilíbrio mental, apenas considerados em termos do indivíduo e ao nível da pessoa humana. Hoje, ela passou a ser considerada sob outro plano ou dimensão; saiu do indivíduo para ser vista, também, em relação  do indivíduo com o trabalho e com a comunidade.
No que diz respeito ao indivíduo, quanto ao seu bem-estar físico, deve-se referir que não há saúde de órgãos porque a saúde é total, é o todo.
Assim como não existem doenças estritamente locais, não há também “saúde local”.
O lado psíquico da saúde cresceu de importância na época agitada em que vive o  mundo. Inquietudes, pressa, ansiedade, incertezas, indagações perante os fatos da vida, particularmente da vida econômica, trepidação, desgaste constante de energias mentais, etc., levam o indivíduo ao cansaço e a sofrimentos psicossomáticos.
É preciso, porém, para o perfeito equilíbrio neuro-psíquico, que o homem esteja bem adaptado as condições de vida, dentro do ambiente em que vive; que haja entendimento, equilíbrio, tolerância, compreensão dos indivíduos entre si, pois a “Mente e o Corpo Sãos” não permanecerão sadios, por muito tempo, em ambiente agitado, adverso, tumultuoso e intranquilo.
A necessidade de higiene mental é universal; é para todos. Para os efeitos da vida econômica e as reclamações da vida social, a noção  de saúde mental é a de respostas psíquicas ajustadas, de boa adaptação, de “relações humanas” satisfatórias na família, no trabalho e na comunidade.
Saúde representa, por isto, um bem-estar social. A “saúde social (bem-estar social) é aquela resposta ou ajustamento as exigências do meio, e depende fundamentalmente das condições socio-económicas do agrupamento humano onde se vive, da distribuição  da riqueza circulante, da oportunidade que se oferece ao indivíduo para que tome parte no esforço organizado da comunidade. A “saúde social” é mais coletiva que individual. Onde há miséria, fome e ignorância; onde é grande a competição  da luta pela vida; onde há compreensão entre os homens; onde o desenvolvimento e a economia não oferecem oportunidades a todos; onde o clima político sufoca os direitos essenciais da pessoa humana e a liberdade do homem foi suprimida para que o domínio de alguns se exerça sobre a comunidade; enfim, onde não há bem-estar social, a saúde física e a saúde mental descompensam e são afetadas com repercussões a longo tempo.
O homem é um ser social, por excelência; não pode viver só, por incapacidade.
A “saúde social” traduz-se na alegria de viver, no bem-estar físico, psíquico e econômico do indivíduo, relacionado a sua família e ao meio em que vive. “Ela não se revela na cota de imposto de renda, no cadastro bancário, no gozo da propriedade e no privilégio de prerrogativas político-sociais.
O que expressa a “saúde social” é o comportamento ajustado do indivíduo dentro da comunidade; é a aceitação  e o exercício corretos dos padrões de vida adotados por esta; é a eficiência do regulador, do legislador e sobretudo do político. É urgente o aparecimento de políticos, de legisladores e reguladores, com valores morais, éticos e sentido de responsabilidade social. Um país é o espelho destes três elementos (político, legislador, regulador), é o reflexo da sua conduta ética, do seu perfil, dos seus valores morais e ancestrais e sobretudo na sensibilidade em manter os direitos essenciais da pessoa humana e a sua liberdade. A supressão da liberdade humana e a saúde social depende única e exclusivamente da seriedade, do discernimento e do bom senso deste trio (político, legislador, regulador).
É extremamente importante que o indivíduo (político, legislador e regulador) esteja bem integrado na ordem e no esforço organizado da comunidade, sinta a necessidade de resolver os problemas fundamentais do seu povo; é a participação  inteligente e interessada no bem-estar físico-social e psíquico, procurando encontrar soluções para as necessidades sociais, de todos os cidadãos; é manter boas relações humanas; é ser livre; é ser feliz; é ser consciente de suas responsabilidades; é sentir a necessidade de governar bem, legislar bem e regular bem.
Em pleno Séc. XXI, de uma noção antiga de saúde, estática e formal, chega-se, agora, a uma outra noção  de saúde – dinâmico-social e socio-económica -como resposta do indivíduo as condições do meio onde vive, resposta esta que deve ser analisada sob três planos ou dimensões: saúde física, saúde mental e saúde social.